Ato
Meninas juntas contra o assédio
Alunas do Pedro Osório protestam após caso ocorrido no colégio
Jô Folha -
Vozes femininas e jovens ecoaram pelo centro de Pelotas na tarde da quarta-feira (3). Foi um protesto feito por alunas – e também alunos – da EEEM Coronel Pedro Osório contra casos de assédio que têm ocorrido na instituição, ou no entorno dela, nos últimos tempos.
A manifestação eclodiu após uma aluna relatar ter sido assediada por outro aluno na manhã da terça-feira (2) nas imediações da escola. A partir daí, muitas outras meninas afirmaram também terem sofrido assédio no último ano. Todos os casos com um ponto em comum: o baixo ímpeto da direção, de acordo com as estudantes, em esclarecer os fatos e punir os envolvidos.
Entre as palavras ditas ao megafone, destacava-se na manifestação a união entre as alunas. “Esse protesto foi feito para mostrar que essa menina não está sozinha. Para que ela saiba que estamos juntas”, disse estudante, seguida por outra que inclusive relatou pela primeira assédio sofrido no ano passado. Na fala, afirmou com lágrimas que fez a denúncia à diretora, que a culpabilizou pelo ocorrido – ao fim, foi abraçada pelas demais.
Ex-aluna do Pedro Osório e atual acadêmica do curso de Serviço Social da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Maria Luiza Garcia disse ao Diário Popular que, em anos anteriores, chegou a propor à direção do colégio que fosse realizado um evento que abordasse a questão de gênero em sala de aula. “Aceitaram, mas ele nunca foi para frente, não houve interesse. Isso mostra que não se preocupam e que compactuam com essa ideia de que a culpa é sempre da vítima”, critica.
O que diz a direção
Em contato com o Diário Popular, a diretora do Colégio Pedro Osório, Simone Fonseca, afirmou que este foi o primeiro caso denunciado. “E mesmo assim, ela falou apenas no turno da tarde, quando o menino não estava mais na escola. Posteriormente, nós chamamos a família dele e recomendamos à dela que fizesse o boletim de ocorrência”, disse. “Acreditei que ele tinha achado ela bonita, se apaixonado”, completou.
A instituição proíbe as meninas de utilizarem calças rasgadas e shorts curtos. Algo que, de acordo com as manifestantes de quarta-feira, trata-se de forma equivocada de evitar que assédios aconteçam. “A menina de ontem estava com o uniforme completo e mesmo assim aconteceu”, reclamou uma estudante. Ao Díário Popular, Simone respondeu que a decisão foi tomada após votação com a comunidade escolar. “Não foi nada inventado.”
Na tarde de quarta-feira (3), a escola oficializou a transferência do aluno. Segundo a vice-diretora, Juliana Treptow, a família assim decidiu “para que ele seja preservado.” Na opinião de Simone, “a escola não é delegacia, não é nossa função ser punitiva, mas sim educar."
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